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25 de janeiro de 2012

ARCANO SAMPA


O Mundo | Visconti-Sforza | Lo Scarabeo
.

São Paulo é um mundo.
Por suas ruas, quando saio sozinho, percebo cada ponto de vista como um organismo vivo, pulsando em suas desgraças e delícias.

São Paulo me fez descobrir a fome que tanto tenho por cidades. Foi ela, tenho certeza. Desde criança me vejo penetrado em suas ruas, nos tons cinzentos da realidade. Nas compras, nos cafés, nos passeios de pedra e grama. Foi nela que me percebi leitor de imagens. Descobri a maturidade, o dinheiro e o amor. Não à toa que os profetas da Semana de 22 registraram os augúrios de arte sobre a capital cultural do país. Digna, firme, imbatível. Com seus preconceitos e motores, a cidade é um símbolo negro das transformações. Efeito borboleta, afeta a todos que pronunciam o seu nome. Como uma praga verbal, um encantamento espreitando o nome de um santo.

Não sei, alguma coisa acontece no meu coração.
Até bate mais forte quando calculo o Arcano do Ano (2+5+1+2+0+1+2=2038 e então 2+0+3+8 = 13). A Morte, a Inominável. E também a Indomável, tal qual São Paulo. NON DVCOR DVCO. Tradução? Um ano de sustos, de medos, de baques. Transformações estruturais no maquinário social gerando novos jeitos de se enveredar pelo caos da vida. Borboleta criada, bloqueios dissolvidos e uns novos garantidos. Nada muda, então? Muda, pessimistas. Muda sempre. Confiança na caveira a galope. Semelhanças são meras armaduras [de sincronicidades consideráveis].



O brasão e o arcano que rege São Paulo em 2012.
Waite~Smith Tarot | U.S. Games Inc.



Esse Mundo me atravessa.
E a
dura poesia concreta das suas esquinas é que determina a vibração dessas minhas cartas. Parabéns, Sampa. Que brotem das tuas calçadas outras canções como a do Caetano pra poluir o peito de quem te ama.


L.

26 de dezembro de 2011

ANIVERSÁRIO: TEORIA E PRÁTICA

Esse adubar do instante vivo
em pequenos vislumbres de memórias,
as siglas pessoais da arte,
mnemónicas para reconhecer-me.

Fiama Hasse Pais Brandão


Wooden Jigsaw Puzzle 
da mostra 'Ciencias Naturales' de Juan Gatti,
o artista dos cartazes de Pedro Almodóvar

Mais importante que o 31 de dezembro e o 1 de janeiro é o dia do Aniversário. O Retorno Solar é auspicioso. Um encontro e tanto. Tanto quanto as tradicionais festanças em torno da virada do ano, quando a maioria mantém a hipocrisia geral de prometer mudar e ser cada vez melhor e não cumprir nem metade do que se propagou durante o ano desgastado. Mas o durante o Aniversário não é bem assim. Não deveria. O lance pertinente é reavaliar as situações e as atitudes. Deixo de lado a maioria das superstições. Por isso, no dia de hoje, retorno aos rituais que brotam de mim.

Quando faço aniversário, penso um tanto no arcano 13, A Morte. A parteira negra acenando para mim. Mas não é um conceito grotesco, mas uma presença cujo intuito é fazer com que a cada ano me prepare em relação a tudo, Morte é regeneração. E sim, há muita vida na morte. A pele enrijece (se você cuida dela). Os músculos pesam. A coluna pede cada vez mais postura. A vista exige cuidados. E a beleza (podem me chamar de grotesco, agora) também está n'A Morte. Com o passar dos anos há melhorias pessoais. E negligências, para a festa ficar completa.

Death | Crowley-Harris Thoth Tarot.
AGMüller, 1986

E realmente há uma linguagem secreta dos aniversários, não? Sim, e muito proveitosa. 26 de Dezembro é o DIA DO INDOMÁVEL, segundo o livro de Gary Goldschneider e Joost Elffers*. Dia em que o truque de espelhos é tão bem realizado que pode passar em vão se não houver uma conduta simbólica, digamos, para perceber até que ponto sigo a nossa bem-aventurança. O meu aniversário é um fato isolado, costumo dizer. Um dia fora do calendário. Não é nada mole celebrar logo depois do Natal, com a correria das festas e das viagens na pauta.

Calor demais. Saturno, meu velho, rindo da minha cara por me fazer ficar entre poucos: como planejar uma (outra!) festa numa época tão conturbada? Não dá, desde sempre é complicado. E nem sei se eu me dedicaria a algo do tipo, sabe? Tem sido o momento em que me retiro um tanto e reflito sobre o ano que passou. Mas reflito MESMO. Sobretudo em relação ao que não passou. Ou eu engulo nesse limiar de transformação ou eu trato, aquiagora, sem papas na língua e no coração. Um dia de poder pessoal. Sobre mim e sobre o mundo.


Der Stern | Haindl Tarot
U.S. Games, 1988

Sou adepto das Constelações do Tarô. Temos um arcano na soma de nossa data de nascimento. O meu é o 8, A Justiça. O fator oculto dessa lâmina, que é outra, é a 17, A Estrela. Minhas lições de vida, digamos. Além de uma miríade de Menores que também ensinam, jogam na cara e fazem gozar. 


O TAROT, UM DIÁRIO

Tarot Journal | Traci Bunkers, 2007


Deixei os cadernos pautados há anos. Não registro quase mais nada. Só os arcanos. E os arcanos servem, sim, como páginas de um diário. Começo básico: tire uma carta por dia. Conselho com duração de 24 horas, ou menos. Registrá-lo tende a ser importante para avaliar, no final do dia ou do mês ( ou no aniversário!) o quanto você respeitou aqueles símbolos e, ainda mais, como eles se fizeram presentes naquele período. Páginas da vida. Mecanismos de papel encerado para tonificar a alma. O Tarô aceita o papel de ossatura das crônicas de todos nós.

O aniversário, portanto, não é um dia triste ou preocupante. Sei d'As Moiras apalpando a textura do fio, claro que sei. Compactuo com Elas. Uma marcação temporal para o fatídico. Até porque o inefável dança entre nós. Aniversário é a data em que vale trazer à consciência o peso das experiências — jamais negar a vida, mas senti-la. De verdade. E afirmo, agora, que ninguém 'faz' aniversário. Ele é que faz a criatura. Instiga, entristece, encoraja, envelhece, enrola. Mas também enriquece. De sabedoria e de algum sabor que o pomo do tempo carrega.

Sei dizer que encarar a Ceifadora como a Parteira pode ser útil, pelo menos a nível pessoal. Não por conformismo de que tudo acaba. Essa noção pouco conforta, mas é uma verdade nua-dura-crua e necessária a ser assimilada todos os dias. Mas justamente por ser possível administrar a existência com várias cores diferentes. As responsabilidades e os significados estão aqui, por enquanto. Passar incólume ou inteiro por essa vida é um baita sintoma de preguiça e descaso. Há de se ter um gosto pelas próprias cicatrizes.

Presente? A capacidade de assumir as tolices, reconhecer as boas sacadas e saber o meu tamanho. 'Nem pra mais nem pra menos', como diz Bethânia. 'O meu tamanho.'


Drink your Bliss 
Instagram @leochioda

Agora vou lá renascer um pouco — ler e escrever vertiginosamente, obrigado — e dar atenção aos telefonemas, e-mails, à campainha e às cartas. Ah, as cartas. Aproveito para fazer os votos de que você, que me lê e estuda o Tarô com paixão, se comprometa ainda mais com ele. De verdade. E que o necessário, só o necessário, seja sinônimo de excelência. Sim. 


Soul making. 
Always.


L.


*A Linguagem Secreta dos Aniversários

Editora Campus, 1999.

1 de setembro de 2011

5 ANOS



Já estamos em setembro. Assim que o mês virou tive um clic: nossa, o CAFÉ TAROT faz 5 anos. O tarô tem se desenvolvido cada vez mais e mostrado ao Brasil que veio pra ficar e ficar bem à vontade. Há 5 anos tenho visto de perto a evolução dos blogs e sites no país e no mundo. Tendo desde cedo a oportunidade de interagir com outros profissionais, sinto as mudanças na maneira como que o nosso instrumento de mundo é visto pelos outros profissionais do esoterismo e até mesmo pelos céticos, pelos lógicos, pelos medrosos. A aceitação tem sido maior. Já cabemos em certa normalidade, mas com muitas ressalvas, claro.

Eventos como o mais recente Fórum Nacional de Tarô e Simbologia têm servido como divisores de água no que diz respeito à conscientização das pessoas por verem profissionais e interessados se reunindo. E também à dos próprios tarólogos, fazendo-se entender que ler as cartas não é uma profissão menos válida que a de ler os astros, por exemplo. A cartomancia não é marginal. Um crítico de arte lê imagens. Nós lemos símbolos. Combinamos e visbumbramos o infinito que há na moldura da combinatória. Transformações são sempre necessárias e uma repaginação, sobretudo mental, sempre é bem-vinda. A ignorância criativa é um dos problemas principais desse meio. Vale evoluir, mas inovando. Experimentando. A postura é de diálogo, de troca. De acréscimo e respeito de saberes. Estamos bem. Vamos bem.

E o CAFÉTAROT vai crescer ainda mais. Em breve cursos, palestras, atendimentos e encontros presenciais e virtuais serão divulgados. Hoje, mais que um blog, o CAFÉTAROT é uma marca. Desde 2007 fotografo canecas e baralhos sobre a mesa, unindo esses prazeres em total harmonia. Parece que estimula a leitura, o aprofundamento. Por isso é que é natural evoluir, a
final são cinco anos caminhando, sendo dez de envolvimento e dedicação aos arcanos.

Cada vez que subo num palco ou pego um microfone para falar em nome do tarô, ainda sinto o nervosismo, o "esqueci tudo" e o receio de não ser tão claro e direto como as cartas são pra mim. É que sei do quanto ainda tenho a caminhar.


Agradeço a todos os tarólogos, consulentes, amigos e curiosos que desde sempre prestigiam a evolução do meu trabalho. Registro aqui a minha felicidade por contribuir direta e indiretamente para o futuro cada vez mais promissor do tarô no Brasil.

Divido sempre com vocês
o êxtase dessa festa aqui em mim.




Ergamos as xícaras!
Muito obrigado.


L.