14 de setembro de 2006

A N A C R Ô N I C A

Certa vez, fui solicitado para deitar as cartas em uma festa que contava com mesa e tenda apropriadas para a leitura. Mesmo que o barulho ao longe atrapalhasse um pouco, estava ali disponível aos convidados. Às convidadas, eu diria.


A primeira consulente, me lembro bem, perguntou se realmente eu consultava o tarô, pois isso era "coisa de mulher". Franzi a testa e disse um "não, nada a ver!" indignado enquanto embaralhava. Em minutos, a amiga do lado de fora já lhe gritava: "Vai demorar muito ainda?"

"A situação não tá muito boa", revelou após apagar a bituca do penúltimo Marlboro. Plano emocional e físico abalados, comprovaram as lâminas.


No final, depois de atentar sobre sua postura diante da bebida, da doença da mãe e do rompimento conjugal, confessou-me que nenhuma pessoa "sensitiva" havia sido tão sincera quanto eu, um mero rapaz que, como recompensa ou agradecimento, acabou ganhando um cigarro, uma lata de Smirnoff e um "muito obrigada" em lágrimas.


Primavera de 2006

3 de setembro de 2006

TODAS AS PRIMEIRAS PALAVRAS

As palavras e as imagens sempre estiveram comigo.
A decodificação da alma, dos brindes da vida, como dizem os versados.

Se a linguagem é expressão da vida, o tarô é a vida expressa em imagens.
Letras são símbolos. Imagens são símbolos. "Serás tu um símbolo também?"

Na simplicidade, na loucura e na beleza das cartas, a imaginação brinca,
faz a festa nos pensamentos e atua diretamente na alma.

Os que sabem, entendem.

É a linguagem do destino? Ou é o destino em um idioma arcano?
A abertura, o caminho real das figuras, das histórias, das épocas, das emoções.

Seja bem-vindo.