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26 de março de 2017

AMPLIANDO A CARTA DO DIA

E quando um só arcano não responde com clareza sobre como será o período estipulado? 
E se uma simples carta parece não ser suficiente para inspirar a melhor postura? 

Segundo os tibetanos, Buda certa vez disse que a mente é limitada para compreender o ilimitadoFaço então uma leve e rápida analogia com o arcano diário, tido muitas vezes como uma carta enigmática porque nem sempre responde à questão formulada ou pouco diz a respeito do que é necessário ser feito para alcançar determinado objetivo. 


Cada carta de Tarot é ilimitada. O arcabouço simbólico contido num simples arcano pode sugerir infinitamente uma série de conceitos, preceitos e respostas. É inesgotável. Sendo assim, uma carta sempre dirá alguma coisa, estejamos preparados para ouvir ou não. Mas só a partir da clara intenção é que é possível contextualizar a mensagem do arcano. A princípio, a carta do dia não necessita de perguntas, mas para ser assertiva em relação ao momento, ela  depende de uma ou várias intenções. Quero saber como será o dia no geral? Quero saber o que acontecerá de bom? De ruim? Quero saber o que devo fazer em relação a algo ou alguém? Deve haver um filtro, um ponto sobre o qual repousamos nossa atenção. Por isso digo que quanto mais pontual for a programação da carta que será sorteada, melhor será o seu aproveitamento.

Uma das possibilidades é a seguinte, já testada e recomendada:




1. DESAFIOS 
O que demanda atenção, o que chama atenção, o que desafia. 
Os possíveis percalços.

2. POSTURA
Como deve ser a postura física, mental e emocional. O real conselho. 
E como está no centro, pode ser considerada a carta mais importante da tríade: é o ouro do dia.

3. OPORTUNIDADES
O que se aprende, o que se ganha, o que se assimila neste dia. 
Possíveis lições ou mesmo conquistas. 


Fácil e rápido, mas profundo. Pode ser feito com qualquer Tarô, naturalmente, mas trago um exemplo com The Buddha Tarot, de Robert Place [Llewellyn, 2004], um dos baralhos temáticos mais interessantes que me fisgaram nos últimos tempos. 





1. DESAFIOS 
Dois de Vajras Duplos [Copas]

As questões afetivas, as alianças e os afetos é que demandam atenção extrema. Alimentar as uniões tende a ser necessário para haver harmonia. O alerta é para que a coerência afetiva se instale. 

O curioso é que, neste baralho, os peixes são um dos Oito Símbolos Auspiciosos do Budismo Tibetano — os presentes que os deuses dão a Sidarta Gautama quando ele atinge a iluminação e se torna o Buda. Os Peixes, tão bem associados à imagem tradicional do DOIS DE COPAS, representam fidelidade, harmonia e predisposição para estarem juntos no oceano, uma das representações do próprio Samsara, a nossa existência aqui e agora.


2. POSTURA
Amitabha: O Buda de Lótus [Rei de Paus]

O Rei de Paus sugere uma postura verdadeiramente atenta, capaz de entender os detalhes e avançar no que denota estagnação. Este é o Rei do ânimo que movimenta a tudo e a todos como que exigindo uma reação à altura da vida: cheia, repleta de situações e chances de aprender e também ensinar. A carta sugere responsabilidade: agir de acordo com a vontade, mas não com a impulsividade. 

The Buddha Tarot apresenta este Rei como Amitabha, um d'Os Cinco Dhyani Budas — que são os curadores supremos do meio ambiente externo e interno. São também chamados de Jinas ou Cinco Budas da Meditação. Cada um deles rege uma família com seu respectivo símbolo. Amitabha, que significa 'luz infinita', é o Buda vermelho da família Lótus, associada ao elemento fogo e arcanizado então como o naipe de Paus. É dito que este buda purifica o carma e o desejo, expandindo os poderes da real percepção e da confiança no que é preciso ser feito ou alcançado. Assim, é Amitabha quem transforma os venenos em águas de cura. Outro detalhe curioso é o animal sagrado da família Lótus, o pavão, abaixo da figura búdica. Cada um olha para o lado oposto, exigindo também atenção ao que deve ser encarado [casa dos Desafios] e como deve ser resolvido e melhor aproveitado [casa das Recompensas]. Sim, a direção e a linguagem corporal das personagens podem ser muito auspiciosas. 



3. OPORTUNIDADES
Ás de Jóias [Ouros]

A recompensa não só se garante como se materializa! O ÁS DE OUROS representar um presente, uma ação concreta que se constata ou se sente. Sugere um gesto ou mesmo um objeto. Assim, a tendência é receber algo em troca pelos esforços ou pela clareza que se alcança a partir da reflexão, da demonstração de afeto e da postura atenta.

Cintamani, a Jóia que concede os desejos, é uma referência direta às Três Jóias do Budismo, que são o Buda [o exemplo em que se pode se inspirar para atingir a iluminação], o Dharma [os ensinamentos, os textos e as pérolas budistas] e o Sangha [a comunidade, o meio em que se vive e se convive]. Essa jóia, claramente associada à ideia de riqueza e de valor, é representada como uma bola repleta de pedras preciosas com uma rampa afunilada no topo. Além de ser tido que ele realiza todo e qualquer desejo, a Jóia é como uma semente: simboliza o que é propício e o que vai além da vida e da morte. 



TRÊS CARTAS PODEM MUDAR MUITA COISA

O ideal é chegar ao oráculo como um propiciador de ações sensatas, como um instrumento para despertar. Por mais que pareça utópico considerar as cartas dessa maneira, é forçoso tentar aproveitar ao máximo a experiência com o Tarot. Mesmo havendo poucas cartas à frente. E mesmo que as intenções sejam consideradas menos nobres, nenhuma pergunta merece o desprezo. Exceto o mexerico, a fofoca, a especulação e a curiosidade vazia. 


No caso do nosso exemplo, podemos dizer que o dia será marcado por divergências afetivas [Dois de Copas na casa dos Desafios] que exigem uma posição atenta e compenetrada ao que realmente importa no momento, sobretudo nas relações mais importantes [Rei de Paus na casa da Postura] para então haver reconciliação, acordo ou harmonia a olhos vistos [Ás de Ouros na casa das Recompensas]. Constatar o equilíbrio após tomar a devida atitude.

De acordo com Robert Place em seus livros e workshops, numa leitura de três cartas é prudente respeitar a cadeia de três arcanos, lendo-as de modo interdependente. Em conjunto. Aproximando a prática oracular dos preceitos budistas, uma carta está associada a outra porque tudo se constrói a partir de causas e efeitos. É auspicioso encarar os três arcanos como uma cena completa. Ainda assim, a carta central é a mais significativa, já que determina uma postura específica a ser assumida durante o período. 

E por falar em período, é preciso deixar claro que as três cartas podem ser programadas, antes do embaralhamento e do sorteio, para alguma outra demarcação de tempo, como um semana, uma quinzena ou um mês. 

Confira, inclusive, o meu Tarot Mensal no Personare. O procedimento é semelhante e você fica sabendo de tudo que está por vir e como deve lidar com as situações.

Lembre-se de anotar ou fotografar as cartas que saem. A sequência deve ser lida e relida sempre que possível para tomar noção de como o período se desenrola e como as cartas o espelham. É importante mergulhar nas imagens, ir fundo nos sinais que elas suscitam e trabalhar os significados tradicionais dos arcanos. Nada será à toa se a intenção e o procedimento forem autênticos. 



Oráculo é auspicioso porque te chama à atitude.
A cada dia. 

Então desperte.




E para agendar uma leitura com o Buddha Tarot, clique AQUI!




7 de maio de 2016

THE MAGIC CITY SPREAD



I could not resist. As a Tarot {of Prague} reader and lover, here's a spread inspired by the city and the deck itself. It's entirely based on the places I've visited during the Baba Studio's Magic Prague Tour, so the effect will be higher if used with the Tarot of Prague, of course. It must be read each month to bring empowerment, inspiration and joy.

Click HERE to read a review about the new editions of the Tarot of Prague.




1 The Petrin View Tower: an overview of the situation / of the life in this moment

2 The Prague Castle: sovereignty, how you must act to achieve your best to manage the situations 

3 The Golden Lane: day life, habits, details; what must be taken in account

4 The Strahov Library: wisdom, readings; what inspires you

5 The Saint Nicholas Church: beliefs; how’s your faith 

6 The Jewish Quarter: your life’s philosophy; the certainties

7 The Old Synagogue: what protects you; what’s your golem

8 The Astronomical Clock: how you deal with time and opportunities

9 The Powder Tower: what you must defend now

10 The Vltava River: what’s passing through you; what you must let go

11 The Charles Bridge: where you are and where you are going

12 The Vysehrad: memory, glory, honor; what must be remembered now

13 The Railway Station: how you solve or ends; who you will be in next month


Click HERE to read a review about the new editions of the Tarot of Prague.

3 de abril de 2016

O ARRANJO DAS FORÇAS

Para Edy, Rose, Humberto e Priscilla, 
o Café Tarot do Arouche

The Book of Shadows Tarot
LoScarabeo, 2012



E se houvesse um método para medir as energias do consulente? E se esse método especificasse as forças e as carências dos quatro planos principais da existência [material, emocional, mental e espiritual], de acordo com os quatro naipes do Tarô? Pois sim, este método existe. Aliás, existem métodos de leitura para quase tudo no universo da Cartomancia. A maioria deles é válida, desde que se conheça suficientemente bem a estrutura da disposição e, claro, o oráculo utilizado.

A princípio chamei de MEDIDOR esta leitura que avalia QUEM o consulente representa no momento — clara referência às Cartas Reais {Pajem, Cavaleiro, Rainha e Rei} — e ONDE ele se encontra — as condições e os lugares simbolizados pelos Arcanos Menores Numerados {do Ás ao 10 de cada naipe}. Assim, sabendo quem ele é e aonde está no momento, pensei em avaliar os principais desafios e também as vantagens do consulente em determinado período. A primeira experiência que fiz com esta tiragem foi no primeiro CAFÉ TAROT no Arouche, um pequeno grande projeto em parceria com a amada Edy de Lucca. A sessão se desenvolveu com cinco arranjos abertos, analisados um a um. Depois da experiência, bastante interessante, comecei a analisar minhas cartas com a devida atenção. E os prognósticos, assim como as diretrizes, têm sido significativos.




COMO MEDIR 

Separe as 16 cartas que compõem as quatro Cortes do Tarô em quatro pilhas de acordo com seu naipe — uma de Paus, uma de Copas, uma de Espadas e uma de Ouros. 

Embaralhe as quatro pilhas separadamente e tire uma carta de cada uma. Faça o mesmo com os Arcanos Numerados, em mais quatro pilhas distintas. Assim, teremos duas cartas para cada naipe {arcano real, arcano numerado}, com 8 cartas no total.





PAUS
ARCANO REAL: quem sou agora
ARCANO NUMERADO: aonde estou
como está minha espiritualidade, minha força, minhas motivações

COPAS
ARCANO REAL: quem sou agora
ARCANO NUMERADO: aonde estou
como está o meu emocional, meus relacionamentos, meus anseios

ESPADAS
ARCANO REAL: quem sou agora
ARCANO NUMERADO: aonde estou
como está meu intelecto, minha comunicação, meus pensamentos

OUROS
ARCANO REAL: quem sou agora
ARCANO NUMERADO: aonde estou
como está meu poder aquisitivo, meus recursos, meus projetos



ATITUDES MAIORES

Não acabou! Conhecidos os oito Arcanos Menores, embaralhe e puxe quatro Arcanos Maiores, um para cada pilha. Eles desvelam as ATITUDES a serem tomadas para (re)estabelecer a harmonia nos quatro âmbitos. É prudente extrair conselhos nobres destes quatro Maiores, pois eles direcionam o consulente da maneira mais adequada possível, já que a orientação emerge contextualizada em cada um dos planos. Agora, o total é de 12 cartas.





PAUS 
que atitude se deve tomar em relação às motivações e à espiritualidade

COPAS 
que atitude se deve tomar em relação às emoções e aos relacionamentos

ESPADAS 
que atitude se deve tomar em relação à comunicação e aos pensamentos

OUROS 
que atitude se deve tomar em relação aos recursos e aos investimentos



TEMPORALIDADE

A validade da tiragem deve ser estipulada antes: mínimo de UM e máximo de TRÊS MESES. Depois do período escolhido, recomendo fazer outra leitura para analisar o rearranjo das forças.

Que tal? Gostaram? Monte o seu Medidor e analise os arcanos com cuidado. A clareza, o detalhamento e a orientação deste método podem impressionar você.




Leo

30 de agosto de 2014

O PERFIL DO DESTINO

PERFIL DO DESTINO
www.cafetarot.com.br


Aprenda: os livros certos aparecem na hora certa, mesmo parecendo impróprios — os livros e o momento em que eles surgem. Pouco adianta forçar uma leitura, uma compra ou uma influência literária. Tempo demora a passar para quem espera, sabemos bem. Mas é significativo para quem aguarda e repara com atenção. 

Era um grato dia de ócio e me pus a organizar alguns armários. Foi então que me deparei com O Livro de Runas de Ralph Blum [Bertrand Brasil, 1994], publicado em vários países por ser uma porta de entrada aos mistérios do oráculo nórdico. Em uma breve folheada encontrei um método esquecido no tempo e no espaço: o PERFIL DO DESTINO, cunhado pelo Dr. Allan W. Anderson, estudioso do I Ching, adaptado por Blum às pedras de Odin.

Durante a releitura do capítulo, uma auspiciosa sensação de missão tomou conta do momento — 'Escreva, Leo, escreva.' Então, do ócio ao trabalho, trago a adaptação do método ao Tarô. Assim, você que me lê também pode descobrir e assimilar preciosidades a seu próprio respeito. Ou mesmo incorporar às leituras para outras pessoas. Acompanhe.


AS REGRAS 

Num nível saudável — longe do esquizoterismo que ronda o Tarô —, tendo a considerar um rito toda leitura profunda. Assim é neste caso, por se tratar de questões sérias o bastante a serem trabalhadas por muito tempo. Um ritual, por mais rápida que seja sua execução, merece atenta análise posterior. O mesmo procede com o Tarô, que fique claro.

Longe de outras pessoas, acomode-se num local de sua preferência, embaralhe e disponha as cartas. Se for possível, coloque um espelho por perto, de modo que reflita sua imagem sem empecilhos. Todos os demais recursos estéticos [incenso, cristais, tecido especial, música e outros aparatos consagrados] ficam à sua escolha, já que não são obrigatórios nem necessários para a eficácia da tiragem. O que importa mesmo é a clareza do ambiente, a concentração em sua performance e a tranquilidade do seu corpo. 

Minha sugestão é fazer uma disposição apenas com os Arcanos Maiores por serem os grandes temas. Os mistérios que nos compõe.

A única condição a ser respeitada é que se trata de um ritual executado UMA SÓ VEZ em toda a vida. Por isso, anote ou fotografe os arcanos que saírem. No caso de leituras para outras pessoas, exija que guardem as anotações com cuidado. 

Selecione SEIS cartas. A disposição delas é bastante simples: 1,2 e 3 em cima; 4, 5 e 6 embaixo. 






AS CASAS

1
A NATUREZA 
Qual é a minha natureza? | Qual a natureza do consulente? 
A pergunta se refere ao âmbito material da existência. Blum sugere começar examinando as limitações do ambiente. Sabemos que nossa natureza é definida de acordo com as peculiares dos arredores. Além disso, o Arcano [ou arcanos, se você lê com um Maior e um Menor] deixa explícitos nossos recursos para agir e seguir.

2
O NASCIMENTO
Por que nasci? | Por que o consulente nasceu? 
O arcano sorteado para esta segunda casa responde às carências ou às privações com que viemos ao mundo e que podem [e devem!] ser encaradas para que haja a devida evolução. Um ideal espiritual que nos é permitido ser vislumbrado e assimilado.

3
A VOCAÇÃO
Qual a minha vocação? | Qual é a vocação do consulente? 
Aqui não vemos o que fazemos para viver. O arcano escolhido corresponde ao melhor com que nascemos e que deve ser assimilado para seguirmos nossa bem-aventurança. Aqui interpretamos os talentos, as nobres intenções e as grandes aptidões que temos para administrar o mundo ao redor com excelência.

4
O DESTINO
Qual é o meu Destino? | Qual é o Destino do consulente? 
Destino enquanto fado. O quinhão que As Moiras concedem ao nosso fio de vida. Por isso é possível vislumbrar as grandes oportunidades, o que está escrito, o que deve ser perseguido de modo sincero, saudável e prudente em nossa jornada. Aqui é revelado o caminho ideal. O caminho que não se questiona, apenas se aceita.

5
A CRUZ 
Qual é a minha cruz? | Qual é a cruz do consulente? 
Aqui vislumbramos de fato as provações circunstanciais. As adversidades, os desafios, as responsabilidades que acompanham os poderes. O arcano sorteado para esta casa encarna as limitações e os obstáculos ao longo dos tempos. 

6
O EU UNIFICADO
Qual é o meu Eu Unificado? | Qual é o Eu Unificado do consulente ? 
Por fim, o Mestre Interior emerge na leitura. Provedor da harmonia, das grandes qualidades e um reflexo puro do Eu Maior que oferecemos a nós mesmos de acordo com a nossa verdade. 


A seguir, um exemplo de leitura com os Arcanos Maiores:

CASA 1 — O Imperador
Aqui temos uma pessoa forte, sustentada pelos próprios desejos e senhora de si desde pequena, que expõe as vontades e as diretrizes desenvolvidas desde pouca idade. Um senso de responsabilidade e de merecimento a colocam numa posição de soberania, como se o mundo a servisse. Os recursos são todos os que estiverem ao seu redor. Compactua com a perfeição, chegando a ser uma força tirana se não bem dignificada de acordo com o que é justo e bom para todos os envolvidos. Tem opiniões firmes, gestos bruscos e possíveis alterações de humor e amor que a colocam em desvantagem. É, sobretudo, uma alma de liderança que provê o melhor que seus vastos campos podem produzir. Sincera, oportuna, muitas vezes inflexível e quase sempre imbatível.

CASA 2 — A Sacerdotisa

A pessoa nasceu por intermédio espiritual para continuar sua trajetória. Vemos alguém comprometido com o mundo esotérico, ampliando seus conhecimentos por meio da literatura e da prática de ser humano, papel questionado e mesmo desacreditado por muitas pessoas. Atraída pela vida regrada e abençoada, a pessoa em questão deve render culto e força ao aprimoramento de si e das pessoas próximas. Uma alma antiga, termo bastante comum entre os livres de espírito, requer uma caminhada constante aliada à reflexão sincera de suas atitudes. Questionar o caminho não é duvidar dele; é vivê-lo sem dar espaço a certezas inabaláveis e dúvidas perigosas. É mergulhar e abrir-se por inteiro. 

CASA 3 — O Carro

Um exímio auriga comanda a carruagem real. Aqui se pode constatar que a pessoa tem os caminhos abertos para seguir conforme deseja ou lhe é imposto. A capacidade de dirigir sua própria vida pode parecer simples o bastante para considerar livre aquele que toma os rumos. Mas tomar os rumos certos é a vocação maior que depende das noções anteriores. É possível chegar, mas aonde? Se o caminho começa num primeiro passo, O Carro revela que a vocação é administrar com rigor as próprias vontades, levando em conta a prudência e a missão que o Destino impõe a cada contenda.

CASA 4 — O Sol

O Destino é o brilho. Fazer brilhar a própria existência e irradiar de compreensão e entendimento aqueles que estão expostos à sua luz. A pessoa goza de uma aura iluminada pelas intenções claras, pela poesia da realidade e pelo júbilo que o acaso lhe confere. O fado é carregar o peso de sua própria identidade, aquilo que está vigente e que não deve ser alvo de sua própria ganância. O destino é brilhante e merece toda a atenção aos aspectos obscuros de si próprio. Luz que não foi sombra não é luz.

CASA 5 — A Justiça

O calvário, aqui, é o senso absurdo de equilíbrio e o ideal nem sempre claro de justiça. Arcano cármico que constata o forte senso de responsabilidade das outras cartas, mas que exige autêntica precaução com o que afirma e com o que faz. Nem sempre é possível seguir à risca o modelo de equilíbrio. Concessões devem ser feitas para que a administração do corpo, da mente e do espírito seja adequada e significativa. Moral da casa: A Justiça revela o semblante pragmático, a postura correta e a polidez do discurso; mas pede reparo ao que é negligenciado em nome da ordem.

CASA 6 — A Força

O Mestre Interior é um domador de tensões — leões funestos e selvagens opiniões, crenças e atitudes. A pessoa em questão tem como guia a diplomacia e a serenidade para colocar em primeiro plano a beleza, a sinceridade e o melhor que pode vir de suas mãos. O esforço é genuíno, por isso o mérito é garantido. O Eu Maior se expressa pela união de opostos — a violência e a delicadeza em uníssono para configurar uma vida de horizontes tranquilos, apesar das circunstâncias que a testam continuamente. Paciência, é o que exige o Mestre. Meticulosidade para conquistar os mais altos postos. Prática constante da própria excelência que lhe confere destreza absoluta diante da vida. 



AS CONSIDERAÇÕES

Ralph Blum termina o capítulo dizendo que o Perfil de Destino 'é uma ferramenta para ser utilizada enquanto você persevera na arte mais elevada de todas', que é a da automodificação. O Tarô, sendo um oráculo do 'estar', analisa condições e situações que se transformam ao longo do tempo, que não são fixas. Sendo indispensável anotar os arcanos e as impressões iniciais a respeito das cartas sorteadas, convém perceber e compreender as mudanças que vamos fazendo ao longo do tempo. Os arcanos e seus atributos não mudam. Mas se mudam para nós, só mudam porque mudamos diante deles. Afinal, o rosto do Destino se reconfigura conforme olhamos para ele. 

Por fim, esta leitura-ritual é uma ferramenta bastante útil para quem quer ter mais confiança em seus propósitos e segurança em seus sonhos. Se cartas duras acabarem trazendo preocupações e verdades à tona, o método cumpriu o seu propósito. Sim, vislumbrar o Destino pressupõe coragem. Respeito absoluto às cartas. Aceite e sinta as imagens que se apresentam. 

É o seu Eu Maior que te espreita.



Leo




AS LEITURAS

Tenho feito com êxito o Perfil do Destino de vários consulentes. Se você deseja marcar uma leitura de Tarot e também obter o seu, siga os procedimentos na página de AGENDAMENTO

8 de dezembro de 2012

O MÉTODO SERPENTE


SÃO PAULO |  DEZEMBRO 2012


E se criássemos um método de estratégia que servisse tanto para Tarot quanto para outros oráculos em cartas? Um método que ajudasse a pessoa a definir objetivos, a mapear o ambiente de ação e a melhor forma e momento de agir? Um método redesenhado em que se deita as lâminas na vertical, de forma que as curvas intuitivamente tomadas se pareçam com uma cobra? E se estudássemos rapidamente a natureza de um dos seres mais fantásticos e temidos da humanidade? E se fizéssemos desta casa em São Paulo um laboratório de técnicas? E se escolhêssemos um filme ou um livro para ilustrar seu desempenho? E se fôssemos aliados na arte da combinatória e levássemos a público uma oportunidade de explorar o oráculo com profundidade e absoluto respeito à nossa profissão? 

E se? 

Foi assim que Giane Portal e eu nos reunimos e começamos a elaborar o método SERPENTE: questionando. E fazendo, pois só falar não adianta muita coisa. À base de iogurte grego, chá gelado e tragos de Café Creme, o que começou com um teste repentino acabou se estruturando. Aqui revelamos as primeiras impressões.


COMO FUNCIONA 

O Serpente foi arquitetado como um método de estratégia. Três cartas. Direto e reto. Ou seis, se você trabalha com um arcano Maior e um Menor. Como age uma cobra quando decide ou precisa atacar? Pensemos rapidamente:

1. Ela espreita a presa.
2. Ela se arma.
3. Ela dá o bote.

Foi assim que pensamos nas posições: 

1. Analisar o ambiente e os perigos possíveis.
2. Definir o alvo e colocar-se em posição.
3. Atacar.

A arte do Tarot é, sim, ritualística. E sim, somos intérpretes. Chamar a Serpente faz parte do método: deslizar as cartas verticalmente, mimetizando o rastro do réptil. A eficácia da estratégia é testada no final, quando um último recurso torna-se disponível. Até lá, deve-se analisar as três posições com todo o cuidado. Elas se relacionam, assim como acontece com vários outros métodos. Intuitivamente tomamos como exemplo um ícone do cinema para testar a eficácia da disposição e da leitura: KILL BILL, de Quentin Tarantino. Tamanha foi nossa surpresa quando desvelávamos o Barbara Walker Tarot e víamos a narrativa de Beatrix Kiddo [Uma Thurman] se formando frente aos nossos olhos. 

Que tal ser testemunha da nossa tática? 
O pré-requisito é único: ter assistido aos filmes.


Como Beatrix  Kiddo pode matar Bill?

A ESPREITA | Mapeamento da situação. A cobra analisa a presa, aquilo que deseja dominar, destruir, tomar ou tornar-se.  Conhecer o ambiente é essencial para obter êxito, seja qual for a intenção.

 


DIABO + PRINCESA DE PAUS | Beatrix deve se libertar física e afetivamente. Fisicamente do hospital, afetivamente do próprio Bill, seu amor do passado e seu pior inimigo. Seu codinome é Encantador de Cobras, aquele que recruta as víboras assassinas e não admite perdê-las – O Diabo, própria e obviamente. É crucial perceber que o ambiente é nocivo e que só a força interior, a perseverança, é capaz de mudar os caminhos de Beatrix. Pontuar seus objetivos e tentar desescravizar-se. Revenge is a dish best served cold – esta é uma jornada de vingança. Cada detalhe precisa de reflexão para então se chegar ao ponto almejado. Apurar as necessidades e os inimigos – ainda mais estes quando eram companheiros de trabalhos. A combinação arcana denota ambientes quentes e áridos, pode-se arriscar. Todo inferno na terra é sinal de provação. Para chegar à condição de Rainha e honrar seu instrumento de guerra, a Princesa deve seguir à risca seu intento. Fazer valer cada faísca de energia. E deixar a vingança guiar seus passos.






A ARMAÇÃO | Análise da presa, aquilo que deseja dominar, destruir, tomar ou tornar-se.  A estratégia em si. Conhecer possíveis percalços é essencial para obter êxito, seja qual for a intenção. A serpente põe-se em campo.



FORÇA + ÁS DE OUROS | A Noiva deve seguir à risca o [cruel] treinamento de Pai Mei. Dar-se à disciplina, não apenas disciplinar-se. Entregar-se à força física acumulada e recém-descoberta. Por falar em noiva, a dama d’A Força é comumente associada à imagem de uma virgem. Beatrix de véu e grinalda, apesar de ter casado grávida. Usar o instinto com sabedoria, com propriedade sobre eles. Armar-se para enfrentar as víboras assassinas. A cada capítulo uma batalha. Beatrix deve se preparar física e emocionalmente. Dominar-se para dominar. Honrar sua Hattori Hanzo. Já o Ás de Ouros como Reward, a recompensa do treinamento é sua condição letal. O regressus ad uterum é uma chance de regenerar-se. Todas as provações são necessárias para crescer e então alcançar o objetivo principal. Black Mamba entre os vivos.






O BOTE | Momento do ataque. O salto, a atitude. Como agir e ainda a qualidade da ação. Medidas as possibilidades e circunstâncias, toma-se a decisão e golpeia.

 


PENDURADO + OITO DE OUROS | Beatrix tem de esperar o minuto certo para agir, aparentando desistir do plano de vingança e aguardar Bill baixar a guarda. Demonstrar que aprendeu a lição e que então se rende, mesmo sabendo do perigo onisciente do adversário. Qualquer movimento será fatal. Não se deve esquecer da cena do dardo tranquilizante que o vilão dispara em sua perna, remetendo diretamente à suspensão temporária do Arcano 12. Depois, a noiva deve fazer valer, mais que nunca, suas habilidades — frutos do aprendizado [Learning] constante ao longo da jornada. Beatrix é uma víbora assassina e deve aceitar sua condição. Não há mais volta. Como consequência da sua vingança, Beatrix assume B.B., até então criada pelo pai. E não é que temos uma cena curiosa no Eight of Pentacles do baralho de Barbara Walker? Uma rainha coroando uma princesa. Ritualiza-se o processo materno. A Noiva iniciada como Mãe. A garotinha iniciada como Filha.





O VENENO | Arcano [maior] oculto obtido através da soma dos arcanos maiores sorteados. Por meio dele se confirma a eficácia ou ineficácia do ataque.

Eis o último recurso. Um presente, uma esperança. Por meio da soma dos maiores, obtemos um novo arcano maior, mesmo que tenha sido sorteado para a leitura. Veja o caso do filme: 15 + 11 + 12 = 11 = A FORÇA, lâmina realizadora e conclusiva. Nesta posição confirma-se a eficácia do bote: Beatrix consegue matar Bill. Concretiza  seu objetivo de destruir Bill, seu mentor e antigo amor. Livre das amarras mapeadas n’A ESPREITA (arcano 15, O Diabo), a Noiva domina a situação. Domina a si mesma.





[ALGUNS] MEANDROS DA LEITURA

Não há discussão [comigo]: valer-se também das imagens é essencial ao longo da consulta. Perceba que, fazendo uma tiragem para uma narrativa já estabelecida que é o filme, com um começo, meio e fim, tem-se um arranjo de possibilidades descaradas e veladas. Quem já viu os dois volumes de KILL BILL sabe que Beatrix é enterrada viva por Budd, um de seus adversários, justamente no momento em que vai atrás dele no meio do deserto. As cartas sorteadas na posição d’A ARMAÇÃO denotam essa nuance do roteiro: o Ás de Ouros é o elemento terra em sua raíz. Ilustra o renascimento da personagem. Claro que numa leitura a outras pessoas, ao sugerir as táticas que as lâminas trazem, seria forçado prever esse perigo. Mas retroativamente, conhecendo o roteiro, pode-se constatar essas passagens nas próprias imagens do tarô. Vale como exercício imagético. Possibilidades mil. Certamente deixamos de lado vários trechos e noções importantes dos dois filmes que as cartas sorteadas denotam. Mas esse é o jogo da combinatória e da interpretação. Ou vai me dizer que você absorve cada detalhe, fala e circunstância de um filme na primeira vez que assiste? Difícil. O mesmo acontece com uma tiragem de tarô: leitura pressupõe releitura. Sempre que possível.



E [POUCAS] CONSIDERAÇÕES FINAIS

Leve em conta o sangue jorrado. Exercícios de leitura tonificam seu arsenal analógico. Com o mínimo de destreza, você pode perceber quão esguio é o oráculo: rasteja pelas nossas percepções. Afina as pontas de intuição. Portanto, anote seus jogos. Experimente outros exemplos. Escolha filmes e livros que você ainda não tenha visto e lido e tenha coragem de testar em si o veneno do acaso. O antídoto vem com a experiência. Aliás, perceba que o método não promete táticas infalíveis. O VENENO, conforme dito, revela o êxito ou fracasso das artimanhas adotadas. Isso se relaciona diretamente com a natureza dos arcanos, daí a relação intrínseca entre as posições. Elas devem ser lidas como um todo indissociável. A natureza da serpente. A arquitetura da estratégia. Uma ode às possibilidades da simbologia. Elas sibilam aos nossos olhos. 


Giane PORTAL & Leo CHIODA


Vivemos juntos por uma semana. Oportunidade cronometrada para passear por feiras esotéricas, assistir a musicais consagrados, garimpar livros sobre oráculos em lugares adoravelmente inóspitos, arquitetar workshops e trazer ao mundo um método ofídico de leitura devidamente testado, aprimorado e aprovado. Foram só sete dias, mas já somos informantes no crime da combinatória do futuro há mais de um ano. O período só confirma nossa parceria. 

Para lições felinas de estratégia, conquista e destruição, contate a agente Portal em www.gianeportal.wordpress.com. Confira também ARCANAVÊNUS, nosso novo projeto: www.arcanavenus.wordpress.com



IMAGENS 

The Barbara Walker Tarot. US Games, 1986.
KILL BILL Vol. 1 & 2. Miramax, 2003-2004.