4 de fevereiro de 2011

TRABALHANDO COM O JULGAMENTO




Há alguns dias recebi um e-mail bastante verdadeiro de uma leitora.
Clara* é mãe de dois filhos, trabalha e não tem marido. Comentou do contato com o Tarot e com a Astrologia que mantém há 20 anos, do jogo de cintura para dar conta do trabalho e da doença do filho e ainda da dificuldade em se abrir para um novo romance, uma nova empreitada pessoal. Para entender melhor o momento, Clara escolheu um arcano. Veio O JULGAMENTO. Alegou que não tinha encontrado muita coisa aqui no Café e me pediu algumas palavras para meditar um pouco.

Pois bem. O Julgamento. Desde 2005 tenho desenvolvido uma prática bastante eficaz para o treinamento da intuição: O TRABALHO COM O ARCANO, ou DIÁLOGO COM O ARCANO. Nesses seis anos pude vislumbrar a pluridimensionalidade de cada um por meio da conversação e da meditação, ouvindo as vozes e as mensagens tão certeiras e precisas. Mas sempre, claro, com os pés no chão. Sem nenhum tipo de devaneio esquisotérico que me jogue longe da coerência simbólica e pessoal. Aliás, incoerência é o que tenho visto por aí com a maioria dos interessados no assunto se mostrando verdadeiros consumistas de baralhos bonitinhos e diferentes, abarrotando as redes sociais com informações vazias e achismos sobre o que um arcano faz ou deixa de fazer. Mas isso é outro assunto.

Surgite ad judicium. É prudente trazer o arcano pra você, Clara. Mesmo já respondido o seu e-mail, fiquei pensando que a sua experiência com o Tarot poderia lhe ajudar a entender melhor o que este arcano escolhido exige de você e também o que ele lhe oferece. Primeiro, analise a imagem. Para "abri-la", é preciso familiarizar-se com ela. O trabalho começa quando você se dispõe a lê-la, a ouvi-la. Como um livro repleto de figuras, em que a narrativa está plasmada nas cores e formas. Pense num arcano isolado como uma página crucial para o entendimento do livro.

O que vem primeiro à mente? A imagem fala, o que você ouve?

Intuitive Tarot, Cilla Conway.

O Renovador, o Renascimento, o Juízo... Anote tudo o que a figura está mostrando e parta depois para o que você sente, que é um passo da interpretação. Ela exige, num primeiro momento, uma postura emocional ainda mais forte e confiante de que tudo pode ser extremamente positivo e diferente daqui pra frente. Você acredita em você? Então está na hora de reconhecer e respeitar a sua intuição. Respire fundo sempre que tiver alguma folga. Sinta o seu corpo. Sinta o seu coração batendo. Atitudes simples como essas lhe ajudam a redefinir contato com você mesma. Sem esse contato, sem aceitar a si mesma, incondicionalmente, nada funciona bem. Reconheça o seu corpo, aceite o amor e abrace as novidades. Unir o Céu e a Terra: um equilíbrio possível entre adversidade e descanso, prazer e esforço. É o que O Julgamento lhe traz de início.

O TRABALHO COM UM ARCANO é uma técnica poderosíssima de diálogo, de interação e sobretudo de humildade diante dos arcanos como mestres. Lá na
Revista tenho mostrado a intrínseca relação entre a imagem e o leitor, que somos nós - tarólogos ou consulentes. É importante também, durante uma consulta, deixar que a pessoa veja e/ou toque as cartas escolhidas, mesmo se não tiver nenhum conhecimento do assunto e estiver interessada apenas nos resultados. É difícil tentar definir a variedade de efeitos que uma imagem pode surtir no inconsciente humano, mas o contato é sempre necessário. É assim que podemos perceber nossas próprias fábulas e nossas alegorias mais secretas sobre nós mesmos. A sabedoria e a bem-aventurança vêm daí.



Sei que a mensagem foi positiva para você, Clara. Continue com ela. Um arcano é inesgotável, como a vida em todas as suas páginas. Com o maior respeito e gratidão, desejo que o seu caminho seja repleto de significado e verdade.

Leo



__________________________
* Nome fictício.

2 de fevereiro de 2011

ODOYÁ, MINHA MÃE




A todas as suas faces, mistérios, trunfos e bênçãos.
Que a tua magia seja sempre a água das palavras e dos gestos de amor.
Sempre grato, sempre seu,

L.

26 de dezembro de 2010

ARCANO DO ANO



Despe-te das palavras e te aquece.
Toma nas mãos esses odres de terra.
E como quem passeia, leva-os ao mar.
Se tudo te foi dado em abundância
O sal e a água de uma maré cheia
Eu te darei também a temperança.

Deita-te depois e vibra tua garganta
Como se fosse um início de um cantar.
Não cantes todavia.
Aqui, zona de tato e calor, margem do ser
Larga periferia, olha teu corpo de carne
Tua medida de amor, o que amaste em verdade.
O que foi síncope.
Todavia não cantes na perplexidade.


HILDA HILST
Memória | Trajetória Poética do Ser (I)



NOTA
Desculpem a poesia jorrando. Confesso que a falta de tempo tem posto o blog de lado, mas não no meu pensamento. E nem as palavras que tenho trazido faltem com a profundidade. Viajando mentalmente por todo o meu 2010, as palavras, os lugares e as pessoas precisam ser estudadas empiricamente, como na feitura de uma obra. A TEMPERANÇA vem pra isso. É meu arcano pessoal e devo a ele ainda mais trabalho. Os resultados vocês veem por aí, nas letras e nas imagens. E continuo por aqui temperando - com a licença do trocadilho - as cartas com seriedade, inovação e poesia, que é justamente o alimento primordial dos arcanos.



Obrigado pela companhia e pela amizade.

Leo

27 de novembro de 2010

QUE ASSIM SEJA



CARTOMANCIA: "... as combinações são infinitas e a profissão é vasta e proveitosa".

Luís da Câmara Cascudo, em seu delicioso DICIONÁRIO DE FOLCLORE BRASILEIRO. Como é bom descobrir verdades tão simples e tão fortes vindas de gente sabida como o nosso maior folclorista.



Axé!

12 de novembro de 2010

LEIAMOS MAIS


Cortador de Waite-Smith


O AÇÚCAR

O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.

Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.

Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.

Ferreira Gullar

Dentro da Noite Veloz (1962-1975)



Reflitamos, pensemos mais - livros, poemas e imagens.
Os arcanos se alimentam de cultura. Da nossa, interior. Esforço é preciso.

POR MENOS teorias vazias em nome do Tarô.

Ele agradece. Tenho certeza.

21 de outubro de 2010

TARÔ & POESIA



IX

Uma mulher suspensa entre as linhas e os dentes.
Antiqüíssima ave, marionete de penas
As asas que pensou lhe foram arrancadas.
Lavado de luzes, um deus me movimenta.
Indiferente. Bufo.



Hilda Hilst, VIA VAZIA

15 de outubro de 2010

CEM ARCANOS DE GARCÍA MÁRQUEZ


Capa da 27ª edição, Editora Record.


"─ Caralho! – gritou Úrsula. Amaranta, que começava a pôr a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião. ─ Onde está? – perguntou alarmada. ─ O quê? ─ O animal! – esclareceu Amaranta. Úrsula pôs o dedo no coração. ...─ Aqui – disse."

Nessa onda hispano-política que vem tomando conta de mim, percebo que ando cada vez mais afinado em algumas leituras — não, não só para as de Tarô. Uma inquebrável sintonia, uma atenção autêntica e um sentimento de irmandade com os autores que vão chegando. Me lembro bem do dia em que descobri a vigésima sétima edição do romance CEM ANOS DE SOLIDÃO, do colombiano Gabriel García Márquez.


García Márquez, rei absoluto do Realismo Mágico latino.

Havia um exemplar todo empoeirado na prateleira, com preço exorbitante em algum sebo da Sé. Era caro, mesmo pra um sucesso mundial. Mas relevante pra mim porque a capa trazia dois arcanos marselheses e uma mão cravejada de símbolos esotéricos. Não julgo livro pela capa, mas quando ela chama a sua atenção, pode crer, algo desperta sua atenção para a leitura. Pois bem, anos se passaram. Passeando pela Estante Virtual, o paraíso dos ratos de sebo e consumidores compulsórios de livros [como quem vos escreve sempre aqui], encontrei a mesma edição em ótimo estado de conservação e por um preço que me fez sorrir de tão baixo. Chegou a hora.


Carybé, que dá ainda mais vida aos Cem Anos.

Quando recebi o meu exemplar, que surpresa. As ilustrações não eram meras cópias da Roda e do Diabo. Eram desenhos de Carybé, artista plástico argentino radicado na Bahia, também ilustrador de alguns romances de Jorge Amado e muito amigo do excelente fotógrafo Pierre Verger. Os três que desenharam, escreveram e retrataram a Bahia da mesma forma que Gabo plantou as sementes do fantástico nos domínios latinos e além.


As gravuras não me deixaram mais em paz quando comecei a leitura. E também começou, confesso assustado, o verdadeiro fascínio por um livro. O imensurável encanto por uma narrativa. Um choque por ler exatamente tudo o que sempre quis ler. E tem sido extremamente gratificante perceber que a hora do romance chegou. Seria meu em algum momento, hoje sei disso. E o prazer de ler um clássico tão discutido, tão falado mesmo entre aqueles que pouco ou nada entendem de literatura, fisgou toda a minha atenção. O seu poder ultrapassa a genialidade narrativa e configura um espelho da política latino-americana. Clássico porque relido no mundo todo, há décadas. Relido porque necessário.



Contracapa.

Grandes surpresas a cada página, a cada associação que faço entre o baralho e os personagens. Melquíades, o cigano e bruxo de Macondo é nitidamente O Mago, arrastando seus lingotes metálicos por entre as ruas para descobrir tesouros enterrados na terra. Envelhece rapidamente, morre e reaparece, confirmando a imponência literária de García Márquez na descrição dessas passagens e na magia que corre nas veias cotidianas da cidade e da numerosa família Buendía, protagonista da saga.


Melquíades, O MAGO.
Conhece aquele papo de que o livro certo aparece na hora certa? Já parou pra pensar que com o tarô é a mesma coisa? Um arcano, por mais indesejado, não é escolhido à toa do leque aberto.

E recomendar um livro pela capa? Bom, nesse caso sou suspeitíssimo pra falar.
Ainda mais agora, né? Fica a dica. Mas se você não se sentir à vontade com a ideia, respeite isso.
Tudo tem a sua hora. Se você leu e não gostou, deixo o convite para uma releitura mais atenta, do jeito que você lê o Tarô.


Bom, paro por aqui. E continuo em Macondo.
Boas leituras.


30 de setembro de 2010

E SE A RAINHA DE ESPADAS FALASSE...


Rainha de Espadas - Tarô Café Tarot

Tenho um escudo contra o meu ventre. E sob este escudo há uma cicatriz. Talvez eu tenha sacrificado as minhas vísceras? Não me deixo levar por necessidades, por desejos ou por emoções. Vivo na minha mente. Espero aqui um ser que reconheça a minha inteligência, a minha mente. A transcendência é o meu ideal. Fora da carne, fora da matéria, através do estado andrógino é que poderei ultrapassar as ciladas do pensamento para alcançar aquele centro impessoal que é a Consciência cósmica. Conseguirei tal feito? Conseguirei esquecer de mim mesma? Sou a minha inimiga. A minha única sabedoria é a sabedoria da impermanência. A minha única realização seria a realização da vacuidade.


Alejandro Jodorowsky | LA VIA DEI TAROCCHI

23 de setembro de 2010

E SE O PENDURADO FALASSE...



Me encontro nessa posição porque quero. Fui eu quem cortou os ramos. Eu libertei as minhas mãos do desejo de agarrar, de me apropriar das coisas, de retê-las. Sem abandonar o mundo, eu me retiro. Comigo você pode encontrar a vontade de entrar na condição em que não existe mais a vontade. O estado em que as palavras, as emoções, as relações, os desejos e as necessidades não importam mais. Para desligar-me, eu cortei todos os galhos, exceto o que me conecta à Consciência.

Jodorowsky LA VIA DEI TAROCCHI

8 de setembro de 2010

ARCANOS SURREAIS


Os arcanos de Dalí sobre Festa, colagem de 2008.
(clique neles para ampliar)

Olha, não visitei a Espanha nesse período europeu. Não deu, mierda. Penso que foi exatamente por isso que o espírito El Mago baixou em mim assim que pus as mãos no Tarot Universal de Dalí. Então veio Caetano sussurrando as finas estampas (e não é que eu gostei?), o Romancero Gitano ressurgiu na estante depois de algum tempinho esquecido (desculpa, Lorca), um Labirinto do Fauno numa estante de DVDs usados de um sebo paulista me assediou até ser comprado e um do Almodóvar (só podia ser), aqui em casa, caiu na minha cabeça: hisPÂNICO total, caballeros.

Por isso, eu já venho. Tô trabalhando, estudando e temperando um testemunho/análise/manifesto sobre esse mais que tarotque El Loco recortou e pintou e colou. Beleza pura.

Suerte,

L.

31 de agosto de 2010

DE VOLTA AO BRASIL



Estou de volta há algum tempo e só agora eu venho avisar. Perdão, perdão.
Os estudos na Itália acabaram e depois de muito passeio a rotina (isso existe?) passa a se firmar novamente. Por isso vou revelando aos poucos as novidades e trazendo questões pertinentes ao estudo e à leitura das nossas imagens. Tudo regado a café, claro.

Um abraço a cada um de vocês que me acompanham.
Gratidão,

Leo

11 de agosto de 2010

IMAGEM?


Samba Tarot, 2009.

Pra mim é tudo.

E eu estou aqui.
http://coisasondevi.tumblr.com/

Abraço ao
Pedro Lelot

25 de junho de 2010

MICHAEL JACKSON II


Archangel Michael | David Lachapelle

Mas já?! Um ano passa voando, meus deuses. Mais rápido que o Homem de Espadas.
Vejam bem, não quero que esse blog vire um cemitério arquetípico, mas foi impossível deixar esse aqui passar batido.
Pelos poderes do incrível David Lachapelle, o mártir da vez ganha vida.
Ainda mais.


Peace, Michael.
You need it.


L.

18 de junho de 2010

Fecha-se o caderno.



Para ti, saberás, não há descanso,
A paz não é contigo nem fortuna:
O signo assim ordena.
Pagam-te os astros bem por essa guerra:
Por mais curta que a vida for contada,
Não a terás pequena.

SIGNO DE ESCORPIÃO | José Saramago
(1922 - 2010)
in Os Poemas Possíveis
Editorial Caminho, Lisboa, 1982.


Foi um susto.
Anteontem descobri os poemas dele.
Vasculhei a internet e soube que Os Poemas Possíveis e Provavelmente Alegria, os dois volumes de poesia, não estão nas prateleiras do Brasil. Pela Einaudi, casa de livros italiana, saiu o Le Poesie, reunião dos dois títulos que trazem ainda os originais em português. Minha chance. Ontem fui correndo até a livraria antes que fechasse. Voltei feliz pra começar a entranhar os escritos hoje. Hoje, justo o dia em que Ela foi visitá-lo.


É, são as intermitências.
Por que as coincidências, tsc tsc, não acredito nelas.


L.



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O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA NO TARÔ
CLIQUE AQUI

7 de maio de 2010

MATERNIDADE


Fernand Khnopff & Joséphin Péladan - Istar, 1888.

Uma mãe de ponta cabeça é espelho de infinitas injustiças.

Ainda mais pra quem nunca foi uma.

Inútero. Treva.



Charles Maurin - Maternity, 1893.

Privada das dores do parto. Mas apenas dessas.


Que loucura, meus deuses.


L.

28 de abril de 2010

QUATRO MULHERES DE NINA SIMONE



Quase me esqueço e deixo passar. Foi num dia 21 de fevereiro que ela veio e num 21 de abril que deixou o mundo. Ela, o arcano 2 da música negra. O título não é meu; era e ainda é conhecida assim. Firme na luta contra o racismo, apanhava da vida.



Rainha, além disso. Rainha no plural, quatro vezes. Basta sentir “Four Women”, escrita por ela na década de 60 para denunciar a tristeza das mulheres negras. Foi proibida nas rádios americanas por ser considerada um insulto à raça. É, não me pergunte o porquê. Mas para Nina, a força desses arquétipos cantados fez com que ela não parasse mais. Uma Papisa sempre debruçada sobre seus propósitos, tecla por tecla. Carregava, em cada célula, um pouco das quatro Rainhas. Um naipe a cada nota. Até emprestou a voz ao enterro de Martin Luther King, numa época de preconceito, de perigo e de muito medo.

Sob a égide d´A Justiça, Nina não cantaria; lutaria com outras armas.
Ao invés disso, encarnou a tonalidade mais forte da sábia com o livro - várias as páginas em que escreveu igualdade, respeito e amor. Morreu dormindo em casa, na França. 70 anos completos de performances e figurinos. De sereia que assusta. Yeah, I put a spell on you.


FOUR WOMEN / N I N A S I M O N E




My skin is black
My arms are long
My hair is wooly
My back is strong
Strong enough to take the pain
Its been inflicted again and again
What do they call me
My name is Aunt Sarah



My skin is yellow
My hair is long
Between two worlds
I do belong
My father was rich and white
He forced my mother late one night
What do they call me
My name is Siffronia



My skin is tan
My hairs alright, its fine
My hips invite you
And my lips are like wine
Whose little girl am I?
Well yours if you have some money to buy
What do they call me
My name is Sweet Thing




My skin is brown
And my manner is tough
Ill kill the first mother I see
Cos my life has been too rough
Im awfully bitter these days
because my parents were slaves
What do they call me
My name is Peaches





Forever,
little one.

Peace,



L.


P.S.:
Andaram me perguntando como se começa a ler o tarô. Respondo: lendo imagens, lendo pessoas, lendo música. É só fazer um esforço, com o mínimo de criatividade. É, pode-se pensar que uma vida é sempre pouco para compreender todo esse mapa dividido em 78 partes, assim como é pouco para lutar por uma causa, com tanta injustiça e covardia por aí - e me vem agora Nina cantando It´s cold out here. É interpretando essas figuras, no sentido teatral do termo, que se encontra a humanidade. Depois - esperamos - a consciência se encarrega do resto.

22 de abril de 2010

A COMPANHIA

QUEM TEM MEDO DO ARCANO 13?

Todo mundo, né? Ah, é sim.
Lá no fundinho, no cotovelo da alma, você também tem.


Aqui na Itália tenho pensado bastante nisso. No clichê da transformação, então, nem se fala.
Tenho medo de avião cair, sim, fazer o quê? Mas sempre voo sem problemas, entrego minha vida à sensatez dos pilotos. Segurança, aonde nesse mundo? E pra quê? Mas há um prelúdio para a morte, por assim dizer. Não só prelúdio, mas uma das verdades absolutas da vida: a solidão.



E do arcano 9, ninguém tem medo?
Opa, se duvidar até mais.
Alone in your own. Ou a sabedoria dos anos lhe confere uma companhia agradável? Bom, o senhorzinho encara o esqueleto, não tem medo. Joga luz aos ossos. Ambos da mesma altura. Olho no olho. Reconhecem, com as corcundas do tempo, que são irmãos tão próximos, tão naturais. E me sentir velho, com a configuração astrológica que carrego e ainda mais nessa terra, é só o começo pra trabalhar essas noções. Ah, essas máximas...

Qual a relação que vocês têm com a Morte? E com o Eremita? Me lembro que desmaiei três vezes (por motivos e em dias diferentes) enquanto escrevia um artigo sobre a Sem Nome. E vou guardá-lo ainda por mais um bom tempo.

Fiquem bem.


L.

2 de abril de 2010